Tempos de Guerra
Isaías 13.4: “...O Senhor dos Exércitos passa revista às tropas de guerra”.
O mundo atualmente tem sido atingido de maneira crescente por violência, terror, guerras e rumores de guerras, epidemias, fomes, terremotos, tempestades, secas e inundações, catástrofes de todos os tipos em proporções nunca vistas. Acontecem fenômenos que são insolúveis para a ciência. Milhões de pessoas estão em fuga. Tanto a economia mundial como os governos estão desmoronando. Impera uma situação de ingovernabilidade. A própria terra, que já tem muitos anos “nas costas”, envelhece como um vestido, e se dá com ela o mesmo que com um rolamento ou engrenagem que não funciona mais. Seu eixo já agora não está mais completamente certo. Mas o profeta Isaías já previu isso há mais de 2.500 anos. Ele disse: “A Terra cambaleia como um bêbado...” (Is. 24.20). Esclarecedor é o comentário de Wim Malgo sobre o assunto: “Encontramo-nos à beira de um grande colapso histórico, de um dilúvio que engolirá toda a civilização e transformará a era. A sociedade moderna está hipnotizada. Ela vive em auto-engano e ilusão e perdeu o sentido do perigo. Presa no materialismo, ela adora os produtos do bem-estar e diversão. Por isso ela não tem mais condições de perceber o que se aproxima dela cada vez mais rapidamente”.
Evidentemente que a situação, em si, não poderia ser diferente porque a Bíblia assim o predisse. Diante do quadro apresentado o coração de quem crê não é assaltado pelo desespero ou terror, mas é renovado pela esperança do porvir. O coração do fiel clama intensamente: “Maranata! Ora vem, Senhor Jesus!”
Nós não somos daqui, peregrinos é o que somos. A nossa pátria está nos céus. Aleluia! (Hb 13.14).
É necessário desejarmos e clamarmos para que haja um despertamento individual e coletivo no seio da Igreja de Jesus. Como estiver a Igreja assim estará o mundo. Que Deus nos conceda sermos achados na “brecha” da intercessão, sofrendo em oração em favor de um mundo que já está maduro para o juízo.
Estamos dispostos a carregar o fardo do Senhor? Sentir a sua dor? Ainda há lugar no Getsêmani para mim e para você! Lá encontraremos o Senhor e contemplaremos o seu sofrimento. Assumiremos nossa posição junto a Ele agora? Ou continuaremos adiando, protelando? Deixaremos o Mestre só? (Hb 13.13). Lutaremos agora? Ou optaremos por assumir o ônus da nossa inércia e omissão?
Precisamos romper com o mundo, odiar e ver o pecado como Jesus o vê. Fomos convocados como soldados para empreendermos o “bom combate da fé” (Fl 1.27; II Tm 4.7), mas estamos demasiadamente embaraçados. Tornamos-nos extremamente materialistas a ponto de interpretarmos de forma errônea o que venha ser uma “vida abundante”. A nossa visão ainda é terrena e limitada. Estamos lutando as nossas guerras e não as guerras do Senhor. Não seria esse o motivo de a grande maioria dos cristãos não experimentarem vitórias reais? Quando lutamos as guerras do Senhor Ele peleja as nossas.
Em Êxodo 17.15, Moisés declara: “... O Senhor é a minha bandeira!”. A bandeira é um pedaço de pano colorido, em geral retangular, que simboliza uma nação, estado, partido, clube, etc. A bandeira representa valor, ideal ou idéia que serve de guia a uma pessoa ou grupo. O bom soldado honra, luta e morre pela bandeira de sua pátria e por tudo o que ela representa. Qual é a bandeira que estamos carregando? A bandeira das questões pessoais, intriga, dissensão, discórdia, questões políticas? A bandeira do Corínthians? Ou será a do Palmeiras? Poderíamos até mesmo, “legitimamente”, alegar estarmos carregando a bandeira brasileira. Mas, como já foi dito “a nossa pátria está nos céus”. Devemos declarar como o salmista: “Em nome do nosso Deus hastearemos pendões” (Sl 20.5).
No livro de Cantares a esposa é assim descrita: “... formidável (admirável, mas terrível!) como um exército com bandeiras” (Ct 6.4). É assim que ela deve ser vista pelo adversário: terrível!
A história da humanidade é marcada por guerras terríveis. O historiador grego Heródoto, considerado o “pai da história”, conta que houve uma guerra entre duas nações, que aconteceu exatamente em um campo de plantio. A baixa foi de milhares de mortos de ambos os lados, e os corpos insepultos apodreceram ali mesmo. Tal acontecimento favoreceu os lavradores que no ano seguinte tiveram a melhor colheita da história da nação. É exatamente esse o destino que o adversário reserva para nós: transformar-nos em adubo. Somos soldados, estamos em guerra, mas nos recusamos virar adubo no terreno de Satanás. Adubo, não!!! Sobreviveremos e prevaleceremos, em nome de Jesus! O salmo 20 reflete exatamente a nossa posição vitoriosa. O verso oito nos diz: “Eles se encurvam e caem; nós, porém, nos levantamos e nos mantemos em pé”.
É possível que ainda não tenhamos entendido o propósito de Deus para nossas vidas e estamos focalizando o alvo errado. Vivemos para nós mesmos e não para Deus e seus propósitos. O que indica que ainda não alcançamos o perfeito entendimento sobre a nossa chamada, eleição e vocação (2 Pe 2.10). Será que já entendemos o que vem a ser “viver de modo digno do Senhor”? (Cl 1.10).
O texto de Isaías 13.4 nos diz que “O Senhor dos Exércitos passa revista às tropas de guerra”. Estaremos nós entre essas fileiras? (Is 20.8) Poderemos ser achados devidamente aprovados? (2 Tm 2.4).
Existe uma guerra real acontecendo neste momento. O adversário é real e está totalmente comprometido com os seus ideais e propósitos. Na realidade vive em função deles. Não conhece regras e seus métodos são os mais pérfidos, desleais e sujos. Poderemos nos dar ao luxo de nos distrairmos, embaraçarmo-nos e assumirmos os riscos? Há muito em jogo e “muitíssima terra para possuir”. (Js 13.1).
Em I Samuel 17.10 está escrito: “Disse mais o filisteu: Hoje afronto as tropas de Israel: Daí-me um homem, para que ambos pelejemos”. Mas o verso 23 diz-nos: “... Golias... falou as mesmas coisas, e Davi o ouviu” (ARA). Estamos ouvindo a afronta? Estamos ouvindo o desafio? Não nos sentimos incomodados?
Nós somos a arma de Deus. Ele não tem o plano “b”. Nós somos os seus instrumentos de guerra. Tomemos, pois, posição. Este é o momento. Precisamos nos revestir de Jesus (Rm 13.14) de tal forma que o adversário nunca mais ouse nos perguntar: “... mas vós, quem sois?” (At 19-15).
Deus não tem planos com covardes, mas não basta ser corajoso. Foram exatamente 21.700 soldados corajosos dispensados do exército de Gideão, tão somente porque lhes faltou a virtude suprema do soldado: a diligência. Significa que, na guerra contra o reino das trevas é necessário: cuidado intenso, desvelo, investigação, providência, emprego dos meios necessários e sermos aplicados. Isso é ser diligente. A nossa vida, saúde, dons, talentos, virtudes, bens e tudo o mais que possuamos devem ser disponibilizados em favor das guerras do Senhor, afinal, somos soldados e guerrear é o nosso negócio!
Diz-se que Garibaldi, célebre patriota italiano, quando combatia a Áustria pela unificação da Itália, clamou convidando seus patrícios para servirem no seu exército: “Não tenho dinheiro, nem comida, nem roupa, nem provisões e nem recursos; siga-me todo o homem que está pronto a sofrer a pobreza, desprezo, fome, doença e a morte, e que ama a Itália”. Segundo o que se conta, com este exército ele pelejou pela bandeira da Itália, evitando que se tornasse província da Áustria.
Cristo nos chama para servi-lo (Lc 9.57-62; Mc 8.34-38) e pelejar pela Sua bandeira, e a palavra de ordem neste momento aos seus guerreiros é “... Não to mandei Eu? Sê forte e corajoso...”. (Js 1.9). Uma vez que militemos legitimamente (2 Tm 2.4,5 ARC), nossa coroação será ouvirmos: “... Servo bom e fiel...entra no gozo do teu Senhor”. (Mt 25.23) .
Em Isaías 59.19 está escrito: “... Vindo o inimigo como uma corrente de águas, o Espírito do Senhor arvorará contra ele a sua bandeira”. (ARC). Lutemos agora pelo Senhor, sob seu comando e em seu Nome. A vitória é nossa, em nome do Senhor dos Exércitos. Aleluia!!
Reinaldo Ferreira,
É Bacharel em Direito e serve ao Senhor como pastor na Igreja em São Miguel Paulista-SP.